Sabia que a Ferreira Neto foi uma grande empresa de pesca do atum no Algarve? E como era tradicional, usava armações. A base de operações deste tipo de pesca era o arraial e o seu desenho tinha como base o conceito de uma unidade urbana autónoma, com as instalações separadas entre a áreas habitacional (para albergar 150 famílias de pescadores), a industrial (da transformação dos atuns e as oficinas de manutenção) e uma zona de lazer que incluía uma escola e igreja. Este é actualmente o único arraial existente, tendo sido transformado numa unidade hoteleira, com um museu temático sobre a arte de pesca do atum.
Na altura da faina do Atum, entre Março e Setembro, os Arrais (pequenas aldeias com tudo o que necessitavam: mercearia, barbearia, escola, etc.) enchiam-se de gente, de homens de força e as suas mulheres e filhos. Este é um exemplo perfeito da importância das atividades económicas ligadas à Ria Formosa e ainda da organização social, urbanística e arquitetónica do Estado Novo. A partir dos anos 70 assiste-se ao declínio das capturas de atum, onde apanharam um único exemplar no último ano, deixando o Arraial ao abandono. Foi uma estrutura importante para os retornados de Africa, que encontram aqui o seu abrigo.